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16.6.05

O porta-retrato

Em minhas mãos recebo teu toque gelado.
No coração, a paixão irradiada em teu olhar.
Com meus dedos percorro tua face, dou asas à vontade de te tocar.
Tua expressão continua serena. Teus trejeitos se entregam às minhas carícias.
Lentamente, saboreando a doce cadência de teu respirar imóvel, aproximo meus lábios.
Nossas bocas se tocam.
Meu coração explode. De alguma forma desconhecida, ele te ama. Da forma mais completa, ele te ama. Assim, tão simples como poderia ser, ele te ama.
Afasto meu rosto com cuidado.
A marca de minha boca ainda impressa no vidro que nos separa.
Ao beijo de boa noite não me prendo, pouso-te na cabeceira da cama.
Fecho os olhos.
Já é tarde.
Já é tempo de dormir e sonhar contigo.
Mesmo que a maciez de tua pele ainda se confunda com a gélida face deste porta-retrato...

6.6.05

A difícil arte de "coalizar"

Chegará um dia em que você acordará com uma súbita vontade de ter um coala de estimação. Aí então você percorrerá terras e céus, chegando a longíncuos territórios, para ter o seu bichinho.
Supondo que você consiga o coala, você o trará em uma jaula.
E, o pobre coitado do fofinho animal, a partir do momento em que for posto dentro de seu apartamento, perderá o direito de viver.
Porque, num outro dia, você irá alimentá-lo com uma das tantas folhas de bambu que ele come por dia, e o coala - talvez estressado com o ritmo frenético da vida urbana - morderá seu dedo.
Num acesso de raiva, você pegará a jaula e jogará pela janela da sala.
Você mora no 10 andar, e a jaula do coala despencará em queda livre por bem uns 20 metros.
E o pobre animal se esborrachará no chão.
Porque coalas não voam. E não se acostumam a viver em jaulas.

É... coalizar é uma atitude que requer preparo especial de quem quer que seja.
Não é atitude para alguém como você.
Codornas talvez se adaptem melhor ao seu estilo.
Tentar não custa nada, concorda?

2.6.05

Para falar de ti

Quando eu quiser falar de ti
Não falarei de tua beleza
Nem do teu perfume
Não evocarei a delícia de teus beijos
Nem o calor de teus abraços
Não falarei da minha saudade
Nem do meu querer.

Quando eu quiser falar de ti
Não cantarei ao mundo minha dor
Nem exporei meus sentimentos
Quando eu quiser falar de ti
Não precisarei forjar juras
Nem inventar promessas eternas
Não culparei o destino
Apenas bendirei o futuro.

Quando eu quiser falar de ti
Simplesmente calarei minhas palavras
Porque no meu silêncio ecoarão teus sorrisos
Em minha boca viverão teus suspiros
E em minha cabeça restará a certeza de que
Sempre que eu falar de ti
Estarei falando de amor.
View Guestbook Sign Guestbook WWF-Brasil. Cuidando do ambiente onde o bicho vive. O bicho-homem.