Querer falar X Ter algo para falar.
Às vezes, do nada, sentimos vontade de falar.
Mesmo sem ter algum assunto específico ou interessante.
Queremos apenas falar.
E aí nossos pensamentos começam a se materializar em palavras que seguem umas às outras, formando frases. E as frases aos poucos vão se amontoando, dando início a uma correria verbal que não tem nenhuma outra razão, a não ser saciar nossa vontade de falar.
Em momentos como esse é que os outros dizem que falamos demais, que somos tagarelas.
E de que importa? Se o que queremos é falar, simplesmente falar, sem nos preocupar em dar algum sentido ou trazer algum interesse para nosso discurso, então falemos!
E nos deixemos levar pela envolvente natureza das palavras, mesmo que elas nada queiram dizer e que sua única razão de ser seja nossa incontrolável vontade de vê-las - e ouvi-las - ecoando por nossa boca.
* * *
Há momentos em que temos algo a dizer.
E aí, não porque procuramos dificultar as coisas ou porque somos anti-sociáveis, utilizamos frases curtas, estruturas bem definidas e palavras fortes. Nesses momentos, somos concisos. Resumimos nossos pensamentos até chegarmos ao limite do estritamente necessário para fazermo-nos compreender. As idéias que saem da nossa boca se concentram em apenas alguns termos que transmitem tudo aquilo que queremos dizer. E quem nos escuta, compreende nosso ponto de vista e discorda - ou concorda - com aquilo que defendemos.
Nesses momentos, a beleza de uma frase lindamente elaborada torna-se menor do que o peso de um raciocínio bem formulado.
Mas mesmo nessas ocasiões não nos tornamos menos poetas do que oradores.
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