Sob lugares incomuns
O corpo é a embalagem que diz aos outros o que pensar de nós mesmos.
E o modo como o adornamos é o exemplo que traz à luz do conhecimento o estilo que rege nossa vida...
Aquele jovem também tinha seu estilo. Todo próprio esse estilo. Indefinível.
Podia perfeitamente misturar tênis com gravata borboleta que a combinação lhe cairia bem.
Talvez por isso, num desses dias em que nada de novo acontece, ele tenha decidido fazer uma tatuagem.
Precisou de menos tempo para escolher o desenho (uma forma abstrata sem sentido algum, mas na qual ele jurava ver as asas de um beija-flor sendo deglutidas pela ira de um dragão chinês) do que o lugar de seu corpo a ser habitado pela nova impressão.
Resolveu pesquisar.
Encontrou vários lugares comuns: braço (o seu era muito fino para abrigar a fome do dragão), antebraço (no seu, nem o beija-flor caberia), costas (muitas espinhas), panturrilha (pouco definida, impossível fazer desenho tão preciso ali), abdômen (seria mais fácil desenhar na panturrilha)...
Todos os locais lhe pareceram tão normais, tão sem propósito.
A intenção de fazer uma tatuagem perderia a razão de ser caso ele se submetesse a marcar seu corpo num desses espaços. A individualidade que lhe apetecia acabaria, então, por transformá-lo em apenas mais um sujeito tatuado.
Eis que, num ímpeto de genialidade, ele escolheu um local que representava toda sua ânsia de liberdade.
E duas semanas depois de decidir fazer uma tatuagem, ele já possuía um dragão chinês comendo as asas de um beija-flor... na sola de seu pé direito. Seu estilo estava, mais do que nunca, representado naquele embate cruel.
Ele sentiu-se orgulhoso por monstrar ao mundo seu tão único jeito de ser.
Mesmo que ninguém, além dele, jamais tenha sabido da existência daquela tatuagem.
E o modo como o adornamos é o exemplo que traz à luz do conhecimento o estilo que rege nossa vida...
Aquele jovem também tinha seu estilo. Todo próprio esse estilo. Indefinível.
Podia perfeitamente misturar tênis com gravata borboleta que a combinação lhe cairia bem.
Talvez por isso, num desses dias em que nada de novo acontece, ele tenha decidido fazer uma tatuagem.
Precisou de menos tempo para escolher o desenho (uma forma abstrata sem sentido algum, mas na qual ele jurava ver as asas de um beija-flor sendo deglutidas pela ira de um dragão chinês) do que o lugar de seu corpo a ser habitado pela nova impressão.
Resolveu pesquisar.
Encontrou vários lugares comuns: braço (o seu era muito fino para abrigar a fome do dragão), antebraço (no seu, nem o beija-flor caberia), costas (muitas espinhas), panturrilha (pouco definida, impossível fazer desenho tão preciso ali), abdômen (seria mais fácil desenhar na panturrilha)...
Todos os locais lhe pareceram tão normais, tão sem propósito.
A intenção de fazer uma tatuagem perderia a razão de ser caso ele se submetesse a marcar seu corpo num desses espaços. A individualidade que lhe apetecia acabaria, então, por transformá-lo em apenas mais um sujeito tatuado.
Eis que, num ímpeto de genialidade, ele escolheu um local que representava toda sua ânsia de liberdade.
E duas semanas depois de decidir fazer uma tatuagem, ele já possuía um dragão chinês comendo as asas de um beija-flor... na sola de seu pé direito. Seu estilo estava, mais do que nunca, representado naquele embate cruel.
Ele sentiu-se orgulhoso por monstrar ao mundo seu tão único jeito de ser.
Mesmo que ninguém, além dele, jamais tenha sabido da existência daquela tatuagem.
<< Home