12 anos sem os Mamonas
Era uma manhã chuvosa. A bem da verdade, a memória de criança à época não me permite recordar com exatidão se era mesmo uma manhã chuvosa a daquele 02 de março de 1996. Mas manhãs chuvosas sempre foram automaticamente relacionadas a notícias tristes e desastrosas. Então, para efeitos cinestésicos, digamos que era uma manhã chuvosa...
O plantão de notícias cortou a programação normal do canal de TV. Com um ar de tristeza (talvez ele mesmo fosse fã daquele grupo) o apresentador transmitiu a fatídica realidade a milhões de brasileiros: "O avião em que o grupo Mamonas Assassinas chocou-se contra a Serra da Cantareira na volta de um show em Brasília. Não houve sobreviventes."
Óbvio que, na época, tentaram amenizar o tom do ocorrido. Ainda assim, a partir daquele momento, o país sabia que havia perdido para sempre um fênomeno popular de alegria, descontração e irreverência.
A carreira meteórica dos Mamonas começou em julho de 2005. Durou apenas 7 meses. A mistura de ritmos, todos embalando paródias da vida cotidiana, rendeu aos 5 jovens de Guarulhos fama e conhecimento nacional. Não lhes faltava carisma, é verdade. Por mais que o tema central de suas canções fosse sexo, adultério, e o bom e velho (não exisitia - se existia, não era tão forte - ainda o puritanismo politicamente correto que nos tolhe a liberdade atualmente) preconceito contra os retirantes nordestinos, o bom humor e o tom infantil de suas canções contagiaram milhares de fãs em todo Brasil. Crianças decoravam as letras e seguiam maravilhadas cada aparição
do grupo. Adultos se deixavam levar pelo ritmo divertido daqueles malucos com fantasias esquisitas que brincavam com as diferenças, tiravam sarro das dificuldades e pontuavam com um quê de esperança a realidade sofrida de um povo marcado pelas dificuldades do dia-a-dia.
Hoje, passados 12 anos daquela fatídica manhã, na mente de quem acompanhou a passagem deste cometa, a lembrança divide espaço com a saudade de viajar embalado pelo ritmo da Brasília Amarela que se movia à base de alegria, descontração e inocente felicidade.
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Reportagem exibida 2 dias após a morte dos Mamonas.
Para não ficar só com o lado triste dos fatos, vale relembrar o carisma e a inocente alegria que fizeram dos Mamonas o sucesso que eles foram.
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