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22.11.04

Declaração para a Noite

Que direito tenho eu de te guardar
reclusa em meu bem-querer; de
desejar tua beleza só para mim?

Nossos olhos se cruzaram uma única
vez e eu – tão tolo quanto poderia ser! –
acreditei que fosses minha.

Agora tua falta me consome, tua
sombra enegrecida pela distância que o
tempo impõe dilacera meu coração.

Eu poderia declarar-te meu amor,
mas não o farei, porque tenho
medo desse sentimento piegas.
Da mesma forma, não te demonstrarei
meus carinhos: eles se perderiam sem
encontrar outros carinhos a lhes confortar.
E aí? Só dor restaria...

Se fosses minha, pegaria todas as
estrelas do céu e com elas – uma a uma –
ergueria um altar – um leito onde tua
beleza nua resplandeceria num
cândido repousar.
Nesse santuário, consagraria meu amor,
com meu corpo se unindo ao teu e nossos
corações batendo compassados numa melodia
pura como nada mais.

Mas eu não te possuo, da mesma forma que não
conheço coragem que me faça dizer-te estas palavras.
Com meus silêncios sei que jamais te tocarei.
As palavras que não digo nunca entrarão em
teu coração.

E nas sombras permanecerei, amando-te e sofrendo
em segredo, enquanto te vejo entregar-te a
outro caçador de estrelas, a alguém cujo desejo por ti
nem se compara ao meu;
mas que, ainda assim, tem no peito
muito mais coragem do que eu.
View Guestbook Sign Guestbook WWF-Brasil. Cuidando do ambiente onde o bicho vive. O bicho-homem.