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2.1.06

Os Garotos da Rua 220

19:30.
Primeiro uma viatura, depois a segunda. A terceira logo em seguida. Quando dão por si, já são 5.
Eles mal tiveram tempo de dar-se por si. O baralho sobre a mesa ainda espera a próxima mão quando a invasão começa. Vozes ríspidas, amparadas pelo grosso calibre das armas. "Pra parede, todo mundo!". Não eram pedidos gentis. Eram gritos, chutes e socos. "O que aconteceu? Que fizemos?". Zaft! Cassetete nas costas! "Ai!" Zaft! Mais uma estocada. "O que? Não tá gostando, vagabundo? Quero ver agora vocês arrumarem briga por aí" Zaft! - já se sabe o que aconteceu mais uma vez. - "Leva todo mundo!". O aço frio das algemas prendendo-os de 2 em 2. Alguns iam sozinhos. Não que isso fosse privilégio. "Todo mundo pra dentro!". Como lixo, sendo jogados para dentro das viaturas. Obrigados a se acomodar em um espaço inexistente. Alguns choravam. Outros apenas calavam. Lamentos de nada adiantariam. "O que aconteceu? O que fizemos?" - novamente a pergunta ecoou. Dessa vez não foi o cassetete que cortou o ar. Foi o som das sirenes que se proliferou através dos prédios onde vozes anônimas ainda gritavam "Solta! Solta! Eles não fizeram nada! Que vocês estão fazendo?". Mas a pergunta continuou ressoando: "Que fizemos?". Contestação nenhuma se ouviu. Direito de reposta não é dado a bandidos.
A vã diferença é que, ali, naquele lugar, não havia bandidos. Havia apenas um grupo de jovens que se divertia aproveitando as primeiras horas do novo ano.

Mas agora tudo está calmo. Tudo está em silêncio. E ali não se ouve mais o som da alegria. Os garotos já se foram. Sua lembrança, contudo, permanecerá para sempre no testemunho de quem tudo presenciou (se as paredes tivesse voz, ah! quantas estórias contariam!). Porque aqueles jovens nunca mais serão esquecidos por aquelas redondezas. De agora em diante, eles serão para sempre conhecidos como "Os Garotos da Rua 220"...

Eles já foram embora, mas continuarão ali eternamente.
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