Uma força maior
Estava sentado no balcão de um bar. Em um copinho de boca larga, com uma dose dupla de uísque, o gelo estalava. Ele olhava para o copo. Lentamente girava o gelo. Pensava em muitas coisas. Não conseguia pensar em nada. Queria saber apenas a razão de estar ali. Parecia triste. Muito mais do que triste, parecia vazio. Estava num país estranho. A princípio, tentar a vida no velho mundo lhe parecera uma boa idéia. Naquele momento, no entanto, ele repensava essa certeza. Chegara a pouco mais de 3 semanas. Não fizera amigos. Passava as noites sozinho naquele bar. Ele e o copo de uísque - que, para sua sorte, era uma das poucas palavras que sabia dizer no novo idioma.
Alguns metros à frente daquele sujeito sorumbático, um homem de turbante tirava um violão de sua mochila. Com um movimento rápido - devidamente imbuído de prática - estalou os dedos. Girou o pescoço, esticou os músculos dos braços, ergueu as mãos, fechou os olhos, fez uma prece - talvez pedindo proteção - e começou a dedilhar algumas notas. De pronto o ambiente se encheu com a melodia. Um ritmo cadenciado, próprio daquela região. Quando o momento exato chegou, pôs voz aos acordes. Começou a cantar. Cantava de olhos fechados. Cantava para si mesmo.
Ele não entendia mais do que 10 palavras daquele idioma. Não fazia idéia do que o homem de turbante cantava, tanto é que nem prestava muita atenção. Ainda assim, sentiu-se atraído. Mesmo sem compreender o que o músico falava, ele tirou os olhos do copo de uísque e virou o corpo para fitá-lo. Os movimentos cadenciados da cabeça do outro acompanhavam a melodia. Sem que pudesse dar-se conta, seus próprios pés começaram a acompanhar o ritmo da melodia. Em poucos instantes, também sua cabeça e suas mãos entravam no canto. Seus ouvidos se aprumaram para melhor ouvir a canção. Seus olhos brilharam. Sua boca sorriu. E de seu peito, assim de forma mágica, toda a tristeza pareceu desaparecer, deixando em seu lugar uma sensação de conformidade que, para os mais otimistas, poderia muito se confundir com alegria...
Ele não sabia, mas naquele momento estava sendo conquistado por uma força maior. Naquele instante, ele conhecia essa força que é grande o suficiente para fazer esquecer as palavras e tocar no ponto mais profundo da alma.
Ali no bar, naquela noite, ele conheceu essa força que todos chamam de... música.
Alguns metros à frente daquele sujeito sorumbático, um homem de turbante tirava um violão de sua mochila. Com um movimento rápido - devidamente imbuído de prática - estalou os dedos. Girou o pescoço, esticou os músculos dos braços, ergueu as mãos, fechou os olhos, fez uma prece - talvez pedindo proteção - e começou a dedilhar algumas notas. De pronto o ambiente se encheu com a melodia. Um ritmo cadenciado, próprio daquela região. Quando o momento exato chegou, pôs voz aos acordes. Começou a cantar. Cantava de olhos fechados. Cantava para si mesmo.
Ele não entendia mais do que 10 palavras daquele idioma. Não fazia idéia do que o homem de turbante cantava, tanto é que nem prestava muita atenção. Ainda assim, sentiu-se atraído. Mesmo sem compreender o que o músico falava, ele tirou os olhos do copo de uísque e virou o corpo para fitá-lo. Os movimentos cadenciados da cabeça do outro acompanhavam a melodia. Sem que pudesse dar-se conta, seus próprios pés começaram a acompanhar o ritmo da melodia. Em poucos instantes, também sua cabeça e suas mãos entravam no canto. Seus ouvidos se aprumaram para melhor ouvir a canção. Seus olhos brilharam. Sua boca sorriu. E de seu peito, assim de forma mágica, toda a tristeza pareceu desaparecer, deixando em seu lugar uma sensação de conformidade que, para os mais otimistas, poderia muito se confundir com alegria...
Ele não sabia, mas naquele momento estava sendo conquistado por uma força maior. Naquele instante, ele conhecia essa força que é grande o suficiente para fazer esquecer as palavras e tocar no ponto mais profundo da alma.
Ali no bar, naquela noite, ele conheceu essa força que todos chamam de... música.
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