"Eu sou a Lenda" - I am Legend

Não há como negar que o filme se assenta no terreno sempre fértil da ação - tiros, socos, perseguições, explosões; nada deste receituário fica a dever. Ainda assim, a história consegue levantar alguns questionamentos maiores. A começar pela mesma chamada já referida. "O último homem na Terra...". Certo, preciosismos à parte, por pouco mais de uma hora e meia Nova York se transforma no mundo. Não há vida na cidade. Parece não existir em nenhum outro lugar do planeta! Exagero? Nenhum. Tudo perfeitamente justificável. Até mesmo necessário... A linguagem cinematográfica justifica: para uma obra que mexe com a emoção, a totalização da parte tem grande repercussão. Quando a parte passa a representar o todo, todos os sentimentos e as emoções a ela ligadas são potencializadas e intensificadas. Em virtude disso, nada mais natural do que uma cidade representar - não literalmente - o mundo inteiro.

Uma série de discussões paralelas ainda contribuem para a emaranhada trama da história, desde a degradação total do ser humano provocada por sua própria prepotência (a certeza de ter encontrado um vírus benigno que, quando injetado, representaria a cura definitiva do câncer) até a primitiva evolução social de uma classe de seres desprovidos de razão (organizados segundo um sistema hierárquico). Cada um desses elementos contribui em sua parte para construir um enredo firme, sólido e coerente.
Apesar do final, que deixa um pouco a desejar simplesmente por não acompanhar o ritmo frenético do desenrolar da história, e dos efeitos visuais um tanto intragáveis, essa é uma película que vale a pena assistir. Porque, como se pôde ver, esse não é só mais um filme sobre zumbis.
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