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4.2.06

Sangue do meu sangue

Suas mãos tremiam enquanto tentavam manter o peso da arma. Do cano a fumaça do último tiro disparado ainda não se havia dissipado completamente. Seus olhos, semicerrados, traduziam o desespero.
- Por quê? Por que você teve que vir até aqui, me assombrar? Tudo seria mais fácil se você tivesse ficado em seu lugar, morto como estava!
As palavras que pulavam de sua boca davam a falsa impressão de calmaria. O tom, contudo, não se esforçava por esconder a agonia de seu peito.
- Você não devia estar aqui! Você não existe! Você nunca existiu! NUNCA...
Finalmente os dedos se rendem e deixam a arma cair. Ninguém dá atenção ao ruído do metal atingindo o piso tingido de sangue.
- Você está morto! MORTO! - grita para o homem em quem acabara de acertar um tiro.
Era seu filho, que lhe dirigiu poucas palavras. Não por raiva, não por ódio. Ela lhe havia dado a vida. Por essa razão - ele entendia -, tinha o direito de tirá-la quando bem entendesse.
- Não mãe... Eu não estou morto... Simplesmente porque eu... nunca estive vivo.
Ele poderia ter-lhe dito algo mais. Se não o fez, foi apenas porque não havia tempo para mais nada.
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