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6.2.06

A virtude de se auto-machucar

Nada exige tanta habilidade e aptidão quanto a capacidade de se auto-machucar - ou, mais popularmente falando, de se machucar sozinho.
Machucar-se, de tão banal, não chega a ser surpreendente. Auto-machucar-se, no entanto, além de incomum, é algo sublime.

Temos, como exemplo, o caso de Xerxes Apolinário da Silva - nome fictício que, neste relato, será simplificado por "João". João é um Mestre na arte de se auto-machucar (nos mais variados estilos).
Em meados do último mês, João se viu com a obrigação de ir ao banco pagar algumas contas que estavam por vencer.
"Tudo bem. São só 11 da manhã. Vou tomar um analgésico pra ver se essa dor de cabeça passa, dormir um pouquinho e à tarde vou ao banco." - pensou.
Acordou 10 minutos antes do final do expediente.
Movido pela pressa, pulou da cama, calçou os sapatos, tomou um copo de água, pegou os carnês e foi correndo para a entrada do apartamento. Na ânsia de sair, porém, esqueceu de desviar a cabeça do percurso da porta enquanto a abria. A quina do grande triângulo de madeira atingiu-lhe em cheio na testa, abrindo um corte e imediatamente fazendo o sangue tomar conta de seu rosto.
Resultado: a dor de cabeça voltou e João não escapou dos juros.

Como bem se pode ver, auto-machucar-se é uma virtude natural a poucas pessoas. E, na maioria dos casos, é uma virtude nociva à saúde. É preciso, contudo, reconhecer-se também o outro lado desta inata habilidade: há sim algo de bom na vida dos "automachuquistas". O próprio João, por exemplo, depois do acidente com a perigosíssima porta de casa - que lhe rendeu uma pequena cicatriz logo acima do supercilho esquerdo -, começou a pagar todas as contas com antecedência. Assim, além de filas, incômodo e desperdício de dinheiro, ele passou a evitar novas cicatrizes...
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