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21.4.06

Diferentes estilos para públicos também distintos

O anúncio feito pela DDB da Bélgica para uma associação de combate ao abuso infantil, mostrado no post anterior, serve também de exemplo para ilustrar a importância que se deve dar ao elo final da cadeia de comunicação, ou seja: ao público. Apesar do aparente excesso cometido em sua criação, um anúncio como aquele - criado para atender o firme propósito de conscientizar a população belga - pode sim ser considerado uma grande peça! Simplesmente porque, para o público a que é destinado, ele se encaixa como uma luva.

O padrão europeu de comunicação demonstrado ao longo dos últimos anos deixa claro a existência de uma "diversidade regionalista" no que diz respeito aos conceitos, valores e concepções cultivados pelas sociedades em distintas partes do globo. Pode-se verificar nesse "estilo europeu" a premissa de que a melhor forma de alertar a população para os mais graves problemas sociais é tratando desses temas controversos de forma fria, crua e direta - exatamente do mesmo modo com que esses problemas são sentidos no cerne da sociedade (lembram-se dos comerciais irlandeses conscientizando sobre a segurança no trânsito?).

É uma visão baseada em conceitos distintos daqueles que norteiam a comunicação de países sulamericanos. Em países como o Brasil, por exemplo, as campanhas de conscientização - por mais "cabeludos" que sejam os temas tratados - utilizam-se de uma linguagem mais velada e subjetiva, não tão "escancarada". O "estilo tupiniquim" caracteriza-se pelo "dizer silencioso": ao invés de mostrar a violência de uma pessoa sendo atropelada por um motorista bêbado, mostra-se a dor que a falta desta pessoa causará simplesmente apagando lentamente sua imagem de uma foto de família. Por essa razão, uma peça como o anúncio do post anterior dificilmente lograria em terras brasileiras muito sucesso. Antes disso, serviria apenas para criar um feedback negativo por parte das pessoas em relação a quem tivesse seu nome associado a uma imagem como aquela utilizada (até porque, convenhamos, quem não sentiu um nó no estômago ao ver a peça pela 1ª vez?).

Esses estilos são completamente diferentes, mas gozam do mesmo nível de aceitação e sucesso. Simplesmente porque cada um, a seu modo, sabe falar ao público a que está está destinado: um público específico, que tem suas crenças, seus gostos e suas características intrínsecas.

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