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31.3.06

Coisa engraçada essa tal política...

A piada do dia fica por conta do prefeito empossado de São Paulo, Gilberto Kassab.

Quando questionado como seria seu governo, Kassab respondeu: " Minha gestão terá uma marca própria. A marca da minha gestão será dar continuidade ao trabalho do prefeito Serra".

Serial Nº 3817131


A fotógrafa norte-america Rachel Papo nasceu no estado de Ohio, mas foi criada em Israel. Aos 18 anos de idade, ingressou no serviço militar obrigatório das Forças Armadas de Israel. Por um período de 2 anos (entre 1988 e 1990), conheceu a dura realidade em que vivem todas as jovens que, assim como ela, são arrancadas de seu mundo, sendo obrigadas a deixar para trás todos seus valores para mergulhar numa intituição rígida, num ambiente hostil, onde pode-se sentir a atmosfera pesada dos corredores pelos quais o coro de suas vozes - ainda tão doces e delicadas - retumba glorificando um nacionalismo imposto: "Eu juro solenemente lutar com todas as minhas forças e sacrificar minha vida para proteger a terra e a liberdade de Israel".

O período em que passou no exército serviu de inspiração para que Rachel colocasse em prática seu mais novo projeto: durante 2 anos (iniciados em 2004), ela voltou ao território das Forças Armadas Israelistas para fotografar as jovens que repetiam o caminho que ela mesma já trilhara. Com esse projeto (chamado de Serial Nº 3817131 - seu próprio número de identificação durante o serviço militar), procura jogar uma luz sobre um lado do Exército Israelita que é menos óbvio e previsível e mais vulnerável do que a forma com que geralmente é mostrado. Rachel não mostra os (as) soldados como heróis confiantes e orgulhosos, mas sim como as jovens adolescentes imersas em auto-reflexões que elas são: mulheres que vestem uniforme mas, no fundo, ainda nutrem um desejo de atenção e tentam entender essa realidade paradoxal em que vivem.

30.3.06

Made in Argentina


O futebol deste lado da fronteira é superior tecnicamente? Sem dúvida alguma! As praias são mais belas e têm contornos mais empolgantes? Com certeza! As mulheres mais lindas de todo o mundo estão aqui? Com uma e outra exceção espalhada por aí, estão mesmo!

Ainda assim seria um exagero sem tamanho dizer que a Argentina é ultrapassada pelo Brasil em todos os quesitos. No que se refere à criatividade, nossos vizinhos estão à altura dos melhores criativos de qualquer lugar do mundo!

Para quem duvida, aqui está o vídeo "Galo", criado pela JWT Argentina para anunciar a nova Ford Ranger. Um misto de animação e realidade non-sense, com uma trilha que se encaixa perfeitamente ao contexto geral e uma direção de cena desenvolvida com o ritmo e a cadência que só se encontram nesta parte do globo, dão as linhas gerais deste vídeo.

Logo no início do filme, quem vê o velhinho dizendo "Esta é a história de um galo que se levantava às 10:30, 11h da manhã" já sabe que algo inusitado está por vir. Inusitado e hilário - há de se convir.

CLAP! CLAP! CLAP!
Palmas para nuestros hermanos.

* Se alguém quiser saber mais sobre a produção, aqui há uma entrevista (em espanhol) com Franco Bittolo, o diretor de animação do vídeo.

Minutos após o lançamento...

E o brasileiro Marcos Pontes já está na órbita da Terra, seguindo viagem até a Estação Espacial Internacional. O engraçado é que, minutos após o lançamento, as primeiras piadas sobre o acontecimento já começavam a circular pela internet: um desses comentários diz que o Brasil é um país tão querido por todos que até mesmo numa viagem pro espaço eles deixaram o brasileiro sentar do lado da janela...

29.3.06

O (nosso) "Astronauta de Mármore"

"A lua inteira agora é um manto negro/ O fim das vozes no meu rádio/ São quatro ciclos no escuro deserto do céu/ (...) / Sempre estar lá/ E ver ele voltar/ O tolo teme a noite/ Como a noite vai temer o fogo/ Vou chorar sem medo/ Vou lembrar do tempo/ De onde eu via o mundo azul (...)"

Com esses versos, na década de 80, o grupo paulista Nenhum de Nós estourava nas paradas, ocupando em definito um lugar de destaques na lista dos grandes músicos do cenário nacional.

Hoje, passadas quase 2 décadas do lançamento desta canção, os olhos e o interesse de todos os brasileiros voltam-se novamente para o espaço. Às 23h30 do dia 29 de março de 2006 (horário de Brasília), o cosmonauta Marcos Pontes será o primeiro brasileiro a viajar para o espaço. Pontes partirá a bordo da nave russa Soyuz, que será lançada da base de Baikonur, no Cazaquistão. Apertados com ele dentro da cápsula estarão o russo Pavel Vinogradov e o americano Jeffrey Williams, que substituirão a atual tripulação da Estação Espacial Internacional (ISS). Pontes ficará oito dias na ISS. Na bagagem, estarão oito experimentos científicos brasileiros, que ele deverá executar durante a estada no espaço.

A viagem, batizada de "Missão Centenário" em homenagem aos cem anos do primeiro vôo de Santos Dumont, é fruto de calorosas discussões e vem sendo questionada por certos segmentos da comunidade científica brasileira devido aos US$ 10 milhões pagos à Agência Espacial Russa. Muitos cientistas dizem que esse dinheiro seria melhor aplicado em programas de desenvolvimento tecnológicos no Brasil, e que os 8 experimentos a serem realizados pelo astronauta não compensam nem de longe o custo dessa missão.

Mas, independentemente de toda a discussão, a certeza é que hoje o Brasil alçará - literalmente - o vôo mais alto de sua história. Só nos resta torcer para que tudo corra bem e que, num futuro não tão distante, essa conquista possa trazer muitos avanços e benefícios, não só para nossa comunidade científica, mas para todo o povo brasileiro.

Boa viagem!


Clique aqui para acompanhar ao vivo a contagem regressiva para o lançamento da nave Soyuz.

(Contribuição para este artigo: Agência Espacial Brasileira - AEB)

Isso que é conscientização eficiente! Ou alguém duvida?

Como já citamos no post anterior, conscientizar pode ser muito complicado. Ao mesmo tempo, contudo, conscientizar pode ser extremamente fácil. Tudo o que se necessita é uma idéia forte e uma pitada de bom-senso na hora de desenvolvê-la.

Este vídeo, feito para a marca de preservativos belga ZaZoo, mostra de forma irretocável como conscientizar as pessoas sem chocá-las (não é à toa que ele levou o Leão de Prata no Festival de Cannes de 2003).

Uma idéia inteligente, bem trabalhada, com pitadas de humor. Um retrato corriqueiro da realidade que toca a consciência das pessoas e as faz pensar. Por fim, a prova de que o jeito mais fácil de causar um impacto positivo - antes de chocar e assustar - é provocando um sorriso.

Assista ao vídeo.

27.3.06

O limite entre conscientizar e chocar

A ferramenta mais eficaz para se conscientizar a população de algo é fazer com que as pessoas recebam a mensagem com o coração muito mais do que com a razão. Fazê-las perceber que determinada atitude ou comportamento poderá trazer conseqüências ruins, dor e sofrimento não só para elas, mas como para todos aqueles com quem convivem, é uma estratégia fadada ao sucesso em quase 100% dos casos. Por essa razão, não raro é encontrar na TV ou em revistas campanhas que se utilizem de imagens forte e conceitos bem estruturados.

Aí é que nos surge a dúvida: qual é o limite para se ter certeza que o uso de imagens impactantes estará de verdade conscientizando a população e não criando por parte do público telespectador/leitor um certo repúdio em relação à própria campanha???

O limite entre conscientizar e chocar é tênue. Quando se cruza este limite, fatalmente um grande erro se comete. Qualquer conceito, por melhor que seja, perde força e credibilidade quando passa a andar ao lado do exagero. As imagens, quando extrapolam seu caráter impactante, tornam-se mudas, pobres de idéia. Elas podem, inclusive, transformar a mais bela e criativa das peças num teatro de horror barato.

Os 3 filmes a seguir foram feitos pelo Department of Environment (DOE), juntamente com o National Safety Council da Irlanda, e fazem parte de uma campanha de conscientização para a segurança no trânsito. Além do roteiro apurado e da maestrosa produção, todos têm algo mais em comum: o explícito excesso de violência!!!! Todos os 3 são um exemplo real de que, quando o limite do bom-senso é cruzado, o trabalho feito tem efeito contrário ao desejado. E uma campanha que visaria à conscientização do público consegue, quando no máximo, assustar, chocar, abalar e criar uma incômoda sensação de nojo e repulsa.



Assista ao vídeo "Could YOU live with the shame?"



Assista ao vídeo "No seatbelt no excuse"



Assista ao vídeo "Pay attention or pay the price"

Para evitar perder-se entre a conscientização e o repúdio, o bom-senso é sempre o melhor dos parâmetros.


25.3.06

Celeiro de qualidade, terra de talentos

"Como pode o peixo vivo
Viver fora da água fria
Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria

Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia

Os pastores desta aldeia
Já me fazem zombaria
Os pastores desta aldeia
Já me fazem zombaria

Por me verem assim chorando
Por me verem assim chorando
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia"

("Peixe Vivo", de Roberto Carlos)


Com a letra dessa cantiga que durante os últimos 2 meses tornou-se sinônimo do Presidente Bossa-Nova, fica aqui nossa homenagem à evolução e à qualidade da produção artística brasileira, seja no que refere às produções para a TV (da qual a minissérie "JK" tornou-se símbolo), seja no cinema, seja na literatura, na dança, no teatro, na música, nos talentos jovens, nas novas descobertas, ou na simplicidade de um povo que acorda todos os dias já se sentindo abençoado por ver bater em seu peito um coração verde-e-amarelo...

PARABÉNS, BRASIL!!!!

Tuas terras são mesmo um terreno fértil para o florescimento da beleza e da primazia artística!!!! Longa vida a teus eternos talentos!!!

20.3.06

Essa tal evolução

"As ondas longuíssimas da nossa história coincidem em boa parte com as sístoles e diástoles desse grande coração de gelo, transformando-as, criativamente, de catástrofes em oportunidades; graças a elas, os hominídios conseguiram impor a sua hegemonia sobre todas as demais espécies animais, inclusive aquelas que pertenciam à mesma ordem, isto é, a dos primatas. Enfim, o Homo sapiens prevaleceu sobre todos os demais hominídeos, de modo que hoje existem cerca de um milhão de espécies de insetos, 2.400 espécies de roedores, 900 espécies de morcegos, cinco espécies de rinocerontes, duas espécies de hipopótamos e duas espécies de elefantes. Mas somente uma espécie humana. "

" (...) pela primeira vez na história a cultura suplantava a natureza, imprimindo desta forma uma forte aceleração àquela marcha triunfante da potência humana, que atingiria limites extremos, tais como aproximar-se da eternidade, a ponto de quase alcançá-la com as biotecnologias, mas, paradoxalmente, avizinhar-se também da destruição do homem e de todo o planeta, com a energia nuclear."

(De "Criatividade e Grupos Criativos - Descoberta e Invenção", do sociólogo italiano Domenico de Masi.)

È... às vezes, quando observamos o mundo lá fora, somos obrigados a nos perguntar se a evolução realmente existiu, ou se ela representa mesmo um bem para a humanidade...

18.3.06

Uma força maior

Estava sentado no balcão de um bar. Em um copinho de boca larga, com uma dose dupla de uísque, o gelo estalava. Ele olhava para o copo. Lentamente girava o gelo. Pensava em muitas coisas. Não conseguia pensar em nada. Queria saber apenas a razão de estar ali. Parecia triste. Muito mais do que triste, parecia vazio. Estava num país estranho. A princípio, tentar a vida no velho mundo lhe parecera uma boa idéia. Naquele momento, no entanto, ele repensava essa certeza. Chegara a pouco mais de 3 semanas. Não fizera amigos. Passava as noites sozinho naquele bar. Ele e o copo de uísque - que, para sua sorte, era uma das poucas palavras que sabia dizer no novo idioma.

Alguns metros à frente daquele sujeito sorumbático, um homem de turbante tirava um violão de sua mochila. Com um movimento rápido - devidamente imbuído de prática - estalou os dedos. Girou o pescoço, esticou os músculos dos braços, ergueu as mãos, fechou os olhos, fez uma prece - talvez pedindo proteção - e começou a dedilhar algumas notas. De pronto o ambiente se encheu com a melodia. Um ritmo cadenciado, próprio daquela região. Quando o momento exato chegou, pôs voz aos acordes. Começou a cantar. Cantava de olhos fechados. Cantava para si mesmo.

Ele não entendia mais do que 10 palavras daquele idioma. Não fazia idéia do que o homem de turbante cantava, tanto é que nem prestava muita atenção. Ainda assim, sentiu-se atraído. Mesmo sem compreender o que o músico falava, ele tirou os olhos do copo de uísque e virou o corpo para fitá-lo. Os movimentos cadenciados da cabeça do outro acompanhavam a melodia. Sem que pudesse dar-se conta, seus próprios pés começaram a acompanhar o ritmo da melodia. Em poucos instantes, também sua cabeça e suas mãos entravam no canto. Seus ouvidos se aprumaram para melhor ouvir a canção. Seus olhos brilharam. Sua boca sorriu. E de seu peito, assim de forma mágica, toda a tristeza pareceu desaparecer, deixando em seu lugar uma sensação de conformidade que, para os mais otimistas, poderia muito se confundir com alegria...

Ele não sabia, mas naquele momento estava sendo conquistado por uma força maior. Naquele instante, ele conhecia essa força que é grande o suficiente para fazer esquecer as palavras e tocar no ponto mais profundo da alma.

Ali no bar, naquela noite, ele conheceu essa força que todos chamam de... música.

14.3.06

"Tudo e nada" - fragmento

"Para vir a saborear tudo,
não queiras ter gosto em nada.
Para chegar a saber tudo,
não queiras saber algo em nada.
Para chegar a possuir tudo,
não queiras possuir algo em nada.

(...)

Quando reparas em algo,
deixas de lançar-te ao todo.
Para chegar de todo a tudo,
hás-de afastar-te de todo em tudo.
E quando chegues de todo a ter,
hás-de tê-lo sem nada querer."

São João da Cruz, em 'Poesias Completas'

(Agradecimentos especiais a uma certa Louca Paixão)

11.3.06

"Lost" - a receita de um grande sucesso

Um avião enfrenta problemas durante o vôo e cai numa ilha perdida no sul do Oceano Pacífico. 48 passageiros sobrevivem ao acidente. Isolados neste local misterioso, os sobreviventes lutam para superar suas diferenças e seus segredos. Dessa forma, tentam manter-se vivos até que alguém os venha resgatar.
Este é o enredo da série "Lost" (cuja 1ª temporada foi recentemente exibida pela Rede Globo de Televisão).

É certo que o tema de sobreviventes de naufrágios ou de acidentes aéreos que ficam isolados em uma ilha escondida em algum lugar do mundo, enfrentando todos os tipos de adversidade, a todo instante sendo obrigados a encontrar uma nova forma de superar suas limitações, certamente não pode ser considerado um rompante de originalidade. Várias produções já exploraram enredos com características semelhantes nas telas do cinema, da TV e até mesmo nas páginas dos livros ("O Náufrago" - filme em que Tom Hanks dá uma aula de atuação e composição de personagem - e o clássico livro "Robinson Crusoé", de Daniel Defoe, são apenas 2 dos exemplos mais famosos).

Se o enredo em si não é no todo original, o que, então, faz com que estas produções se tornem sucesso tanto de público quanto de crítica? Qual é a mágica capaz de despertar o interesse e prender a atenção do público? O que esses sobreviventes têm de tão especial?

Talvez a razão mais gritante desse freqüente sucesso seja justamente o fato das personagens serem "sobreviventes". O interesse do ser humano pelo desconhecido e seu comportamento diante de situações extremas, a curiosidade de saber o que faríamos se fôssemos nós mesmos naquela situação, se conseguiríamos sobreviver, se apesar de todas as dificuldades continuaríamos cultivando a esperança; já servem para mexer com a imaginação do público e garantir a produtores, roteiristas, escritores e diretores um bom terreno para o desenvolvimento de suas tramas.

Mas, além desse inexplicável interesse pelo desconhecido, há um outro fator de vital importância para o sucesso - ou fracasso - dessas produções: tão importante quanto ter nas mãos uma história interessante é saber como contar essa história da forma mais envolvente possível.

E quem acompanha a série Lost sabe perfeitamente quão vasto é o universo das variáveis que podem ser utilizadas para se melhor narrar uma história...

Desde o primeiro capítulo, os episódios vêm sendo dosados com as medidas exatas de suspense, aventura e mistério. Nenhuma respota é dada sem que antes surja uma nova pergunta que fique pairando no ar, esperando nova resposta.

Da mesma forma, as personagens não são apresentadas em sua versão "completa". Elas vão sendo construídas de forma gradativa. A personalidade de cada um e seu comportamento junto aos demais na ilha vão sendo justificados com flashbacks que contam as histórias de suas vidas. O passado que os persegue, a mágoa que não os deixa, as incertezas e os medos são peças que vão sendo encaixadas de forma homeopática, uma de cada vez. Pé ante pé, o público vai conhecendo um pouco mais de cada sobrevivente. E isso cria um clima de cumplicidade, leva a personagem para mais perto do telespectador, quase como se aquele indivíduo da ficção ultrapassasse os limites da realidade e entrasse no mundo das pessoas de carne e osso. O sujeito rude e antipático, a mocinha que esconde seu passado, o cabeludo naturalmente cômico, o viciado em heroína, a jovem mãe solteira, o mocinho responsável e com desenvolvido senso de justiça e liderança... os personagens são tão palpáveis que não seria de se estranhar se qualquer um deles fosse nosso vizinho de porta.

Outra característica natural à série - e que, pela facilidade com que ocorre, a distingue da maioria das demais produções televisivas do momento - é a narrativa dialética da qual ela se valhe. Tudo o que acontece é apresentado propositalmente de uma forma paradoxal. Felicidade e tristeza, revelação e mistério, sucesso e fracasso, vida e morte, esperança e desespero, amor e ódio... para cada sensação que se desperta, sempre há uma sensação contrária para contrabalancear o peso dos acontecimentos (num dos episódios, no mesmo dia em que o bebê de Claire nasce, Boone morre; no último episódio da 1ª temporada, a francesa devolve o bebê que raptara para Charlie e Sayd, enquanto, em alto-mar, "os outros" levam o menino Walt embora). Esse estratégico choque de realidades contrárias - que se opõem e completam - aumenta a intensidade dramática de cada acontecimento que envolve os sobreviventes da ilha.

No entanto, nenhum dos pontos que acima citamos valeriam de alguma coisa se não houvesse um roteiro muito bem esquematizado para fazer a "costura" da trama. Mérito aqui devido aos roteiristas e aos produtores que, além de cadenciarem o ritmo dos acontecimentos de forma primorosa, têm um planejamento de longo prazo para toda a série (prevista para ter a duração de 6 temporadas).

Lost (exibida originalmente nos EUA pela rede ABC - e retransmitida no Brasil pelo canal pago AXN) está atualmente no decorrer de sua 2ª temporada e, caso continue seguindo os passos que já a transformaram num fenômeno de audiência, certamente será mais uma série a fazer parte do seleto grupo de grandes sucessos da televisão mundial.
Se bem que, observando-se todos esses fatores, fica mais fácil compreender como uma série com um mote tão utilizado ainda consiga causar espanto, intriga, curiosidade e, sobretudo, admiração em milhares de telespectadores ao redor do mundo, não é?

(Para acessar o site oficial da série, com informações sobre os capítulos já exibidos, arquivos para download, curiosidades e biografia dos atores, CLIQUE AQUI)

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10.3.06

Os Simpsons de carne e osso

Esse é um daqueles típicos casos que nos deixam em dúvida se é a arte que imita a vida ou se é a vida que imita a arte.
Confira a abertura do desenho "Os Simpsons" com atores e locações reais:

8.3.06

8 de Março - Dia Internacional da Mulher

"O nascimento de Vênus", de Sandro Botticelli
Existem várias versões para explicar a origem do Dia da Mulher. A mais comentada data de 8 de março de 1908, dia em que centenas de trabalhadoras da fábrica têxtil Cotton, de Nova York, iniciaram uma greve exigindo a redução da jornada de trabalho de 10 horas e o descanso aos domingos. Apesar da mobilização, as trabalhadoras não tiveram suas reivindicações atendidas e decidiram se trancar dentro da fábrica. Quando já estavam no interior das instalações, houve um incêndio (dito proposital) e todas morreram. O trágico acontecimento se converteu num símbolo da luta feminista, tanto que a Segunda Conferência das Mulheres Socialistas propôs a data celebrada até hoje como dia histórico para a reivindicação dos direitos das mulheres.

Independentemente de qual seja a verdadeira origem da data e as mobilizações político-sociais que a motivaram, fica aqui a nossa homenagem a todas as mulheres - em especial àquelas que fazem parte de nossa vida - que, independentemente de cor, raça ou credo, sejam elas executivas, profissionais liberais, donas de casa ou mães, contribuem com sua parte para transformar o mundo num lugar mais digno, justo e igualitário para todas as pessoas...

6.3.06

"And the Oscar goes to..."



Cinéfilos de todo o mundo passaram as últimas horas da noite de domingo, 05 de março, e as primeiras horas da madrugada desta segunda-feira grudados à tela de seus televisores. Tudo porque, em festa transmitida ao vivo para 84 países, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Science) fez a entrega da estatueta mais cobiçada por todos aqueles que vivem da Sétima Arte: o Oscar.

Embora a premiação deste ano contasse com o mesmo glamour e badalação de anos anteriores, a surpresa foi a convidada de honra da celebração desse domingo.

Diferentemente de outras edições, em 2006, a Academia claramente se preocupou mais em dar o devido destaque às produções que verdadeiramente apresentassem algum conteúdo do que às produções multimilhonárias. Isso explica, por exemplo, a inexistência de um "super vencedor". Na contagem da distribuição das estatuetas, 4 filmes dividiram o primeiro lugar com 3 vitórias cada um: o gigante "King Kong" levou as estatuetas de Melhores Efeitos Visuais, Melhor Edição de Som e Melhor Mixagem de Som; "Memórias de Uma Geixa" ficou com os prêmios de Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Figurino; "O Segredo de Brockeback Mountain" (o filme mais cotado para ser o "papão" deste ano) venceu as categorias de Melhor Dieração (com Ang Lee), Melhor Roteiro Adaptado (de Diana Ossana e Larry McMurtry - baseado no conto de E. Annie Proulx) e Melhor Trilha Sonora Original; e, finalmente, o filme "Crash - No Limite" (responsável pela maior surpresa da noite) saiu com os prêmios de Melhor Roteiro Original, Melhor Montagem e Melhor Filme.

Como uma prévia daquilo que ainda estava por vir no correr da noite, a premiação de Melhor Canção Original foi, no mínimo, inusitada. Longe de ser considerada uma surpresa - ela era disparada a favorita na lista de todos os críticos de cinema para levar o título nesta categoria -, a escolha de "It´s Hard Out Here for a Pimp" (algo como "É dura a vida aqui fora para um cafetão" - o rap tema do filme "Hustle & Flow") talvez possa ser melhor interpretada como uma mostra de que o inegável conservadorismo da Academia esteja sendo deixado para trás. Certamente ainda é cedo para afirmar se este resultado é tão somente um fato isolado ou se representa uma tendência de "abertura" da crítica norte-americana (até mesmo porque a maior surpresa da noite pode ser, para alguns, considerada como um passo na direção contrária dessa aparente mudança de mentalidade), mas não há como negar que It´s Hard... deu um ar de ecletismo à cerimônia.

Se por um lado essa pluralidade cultural pode se configurar numa situação pontual, ao menos a pluralidade étnica já é uma realidade concreta no mundo "oscariano". Já há muito tempo o Oscar deixou de ser um prêmio para norte-americanos. Chineses, australianos, britânicos, latinos, pessoas de todos os cantos do mundo já foram homenageadas com a famosa estatueta. E finalmente, depois de muito esperar, pudemos ter um gostinho brasileiro na premiação: apesar de não termos trazido nenhuma estatueta para casa, a atriz Rachel Weisz levou a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante por sua participação no filme "O Jardineiro Fiel", do diretor brasileiro Fernando Meirelles. Mas justiça seja feita: não fomos os únicos representantes da América do Sul presentes na festa: o Oscar de Melhor Trilha Sonora foi dada ao filme "O Segredo de Brockeback Mountain". O responsável por esta trilha? O argentino Gustavo Santaolalla.

Mas, apesar de todas essas novidades, a maior surpresa sem dúvida alguma foi reservada à entrega do prêmio mais esperado da noite, o de Melhor Filme. Despontando o tão comentado "O Segredo de Brockeback Moutain" (que conta a história do amor vivido por dois cowboys gays), o vencedor foi o "azarão" "Crash - No Limite".
Essa premiação foi uma surpresa principalmente por dois motivos: primeiro porque desbancou o até então mais cotado O Segredo...; e, segundo, porque deixou mais do que evidente que, por mais que a Academia esteja deixando de lado seu conservadorismo clássico em prol da adoção de uma visão mais contemporânea e real da sociedade moderna, muito ainda há de ser feito para que essa mudança de mentalidade possa ser efetivada. A premiação de melhor filme é prova de que a Academia (e, por extensão, a sociedade em que está inserida) ainda não está pronta para agraciar livremente produções que tratem de temas ofensivos à "moral e os bons costumes do classicismo tradicional".

Há de se convir, no entanto, que a própria festa desse ano já é um passo na tentativa de ver-se livre desse chavão de falsa moralidade em que Hollywood se assenta. Pois, se por um lado pode ser considerada incongruente a decisão de não dar a estatueta de melhor filme à produção que teve agraciado o melhor diretor, por outro é compreensível o fato da honraria máxima da festa do Oscar ter sido entregue ao filme que levou também a estatueta de melhor roteiro original.

Discussões à parte, 2006 entra para a história como o ano em que a festa do Oscar assumiu um papel democrático por excelência, dando espaço sob os holofotes para todos os participantes, sem aglutinar as premiações em uma mesma megaprodução.

E os cinéfilos de todo o mundo têm que concordar: este ano o Oscar foi, no mínimo, surpreendente.

(Veja o site oficial da premiação e a lista completa dos vencedores)

Incerteza

Em soturna boca donde os olhos dormem
Pela terra livre a correr o pensamento
Enquanto almas choram e entre si concorrem
A atenção de teu olhar - breve lamento.

Sozinha, alta madrugada, o estender da mão
Alçando carinho trôpego busca o rosto meu
"Verdade!" - ao te ver resta falsa impressão
Por tão verdadeiro se disfarçar carinho teu.

Mas ao fremir tua carne expõe tal incerteza
Que inútil exige da mão trêmula firmeza
Maior que a no fundo d´alma a ti revela:

Banhada de impáfia, tão atroz, nada singela
És fruto da sombra, enfim, no escuro te criaste
e com ardor, meu doce amor, tu me mataste.

1.3.06

Inconstância

Não adianta!
Simplesmente não adiante ter convicção de coisa alguma...
Nada melhor do que um dia depois do outro para nos fazer perceber como estávamos errados em pensar daquele jeito.
Tudo vira de cabeça para baixo.
Talvez nem nos reconheçamos mais.
E só sabemos que somos nós mesmos por causa daquela tão familiar sina de querer sempre aquilo que não temos.
Essa é a inconstância que delimita a vida e organiza o livro da existência.
Inconstância. Apenas essa mera inconstância...
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